Como maximizar o isolamento acústico em estabelecimentos

As queixas relativas ao ruído provocado pelo funcionamento de estabelecimentos têm aumentado significativamente. A maioria das queixas relaciona-se com restaurantes, cafés, padarias, talhos, bares, ginásios e oficinas de automóveis que estão muitas vezes instalados em edifícios multifamiliares. Verificando-se o incumprimento dos valores limite de ruído, as entidades fiscalizadoras podem ordenar o encerramento do estabelecimento e aplicar coimas e sanções acessórias. Tal revela a  importância de se adotar medidas que, para além de permitirem ao estabelecimento passar na avaliação acústica requerida na fase final de licenciamento camarário,  evitem futuras queixas de ruído.

Os valores regulamentares para estabelecimentos com habitações confinantes são mais exigentes do que os valores entre habitações, pelo que, normalmente, só são cumpridos com o recurso a soluções acústicas ao nível do estabelecimento. A título de exemplo: uma laje de betão armado com 0,14 m de espessura e não-revestida tem um índice de isolamento a sons de percussão (L’nT,w) de cerca de 80 dB. Logo, para se atingir o valor regulamentar de L’nT,w = 50 dB (índice de isolamento a sons de percussão entre estabelecimentos e habitações confinantes), é necessária uma correção de cerca de 30 dB.

Tão ou mais importante que as soluções escolhidas é a correta aplicação dos materiais, visto que a sua má aplicação pode comprometer todo o isolamento acústico. Algumas das situações que levam a perdas de isolamento atribuem-se à existência de pontes acústicas e à perfuração do isolamento acústico. As pontes acústicas são criadas quando não se consegue garantir uma total independência entre o pavimento e a estrutura do imóvel. Para evitar esta situação deve-se interpor entre o piso e a laje uma membrana elástica que deverá dobrar as extremidades de forma a não existir contacto direto entre a betonilha de assentamento e as paredes circundantes. Da mesma forma, as instalações que atravessem a laje devem ser forradas com material desolidarizador.

Outro exemplo de perdas de isolamento ocorre quando se perfura o teto falso para instalação de elementos embutidos (p.ex. projectores). Para se evitar esta situação deve-se colocar um teto decorativo por onde passam as várias instalações. Quando se desconhece a espessura da laje, e sendo este o elemento que apresenta maior influência neste tipo de soluções, uma avaliação acústica prévia é aconselhável. Depois da construção estar finalizada as soluções corretivas são geralmente mais complicadas e dispendiosas.

Em talhos, restaurantes e supermercados é corrente a instalação de grupos de frio – unidades permutadoras de calor associadas a câmaras frigoríficas – sendo frequente o ruído do seu funcionamento constituir um fator de reclamação por parte dos residentes nesses edifícios. Neste sentido, para além da adoção de disposições relativas ao assentamento anti-vibrático, poderá ser necessário a execução de uma envolvente atenuadora em torno do equipamento, dotada das necessárias aberturas para circulação do ar de arrefecimento, as quais deverão ser condicionadas por meio de silenciadores de ventilação.

Como se compreenderá, geralmente um estabelecimento cuja atividade decorre no horário nocturno é potencialmente mais incomodativo para a vizinhança do que um estabelecimento cuja atividade apenas decorre no horário diurno. Por esta razão deverão ser escolhidas soluções de isolamento acústico adequadas a cada situação. Exemplos de soluções de isolamento acústico em estabelecimentos:

 soluções acústicas

Nota 1: As imagens ilustram detalhes construtivos apenas a título de orientação (fonte das imagens: http://www.danosa.com.pt/).

Nota 2: Os conselhos e opiniões da Oitava – Avaliação e Certificação Acústica, Lda são dados segundo os procedimentos que a Oitava Lda considera serem os mais adequados, mas devem ser entendidos como recomendações sem compromisso. A Oitava Lda assume unicamente a responsabilidade da qualidade dos seus serviços.